Capítulo 03: Sangue de ouro
Pouco antes do entardecer um soldado do rei veio bater à porta do quarto em que fomos hospedadas. Acordei dando um pulo. Eu tinha dormido no chão, com um travesseiro confortável e o cobertor enrolado no corpo. Não consegui dormir na cama macia como Aradya e Annaju.
Quando chegamos, preparei o banho com água morna e ervas para elas. Havia um banquete de pães, queijo e vinho separado para nós. Melhor do que carne de rato ou aguardente! Enchemos nossas barrigas. Depois que as meninas se deitaram, banhei-me com a água do banho delas e vesti uma das longas camisolas brancas.
Fiquei de pé e corri para trocar a vela do castiçal que já estava quase se apagando. Abri a porta e o soldado se afastou, percorrendo com os olhos brancos minha roupa, demonstrando o quão inapropriado era receber um recado do rei de camisola.
-- Desculpe, senhorita. - Ele virou as costas e coçou a garganta com uma tosse de constrangimento, colocando a mão firme e grande na frente da boca e deslizando pela barba dourada.
Eu tinha visto que ele era bonito, com a barba bem aparada e cabelos ondulados rebeldes, em um tom claro. Encarando a linha de suas túnica grudada nas costas torneadas, reparei que o soldado estava trajando uma túnica preta até o joelho, com um cinto prateado, botas de amarrar por cima da calça preta, protetores de braço com desenhos celtas e o símbolo da Casa Lunysum. Como ele era bem alto e bem forte, estava armado (que para o interior do castelo parecia até exagerado), percebi não se tratar de um mensageiro.
Estranhei:
-- Pois não, oficial? - Encostei um pouco mais a porta, para que não ficasse escancarada e puxei a camisola para cobrir o meu ombro exposto.
Eu estava descabelada e não tinha ainda assimilado todas as novas informações. Eu tinha uma série de afazeres com os quais me adaptar: preparar o banho, amarrar os vestidos nas meninas, aprontá-las a tempo para o café e sei lá mais quê. Parecia fantasia o que estava acontecendo. Aradya e Annaju eram uma espécie de princesas do reino, pois a Casa Rynbelech era da alta realeza. Como aquela história que Mama Majaris contava antes de nos fazer dormir: sobre uma garota pobre que descobre que é uma princesa e vai morar no castelo com os reis. Annaju e Aradya eram princesas agora, embora não fosse exatamente isso, pois não herdariam uma coroa política, mas sim espiritual. Eu teria que tratá-las pelo nome de "Lady" e serví-las com o meu sangue. Bem, essa parte não era novidade para mim. Eu já tinha sido mordida várias vezes. Dói um pouco, mas depois o seu corpo amolece e se fechar os olhos pode sonhar. Algumas ciganas diziam que era como um orgasmo, mas eu não saberia.
Mama Majaris explicou que apesar de algumas famílias serem mais importantes que as outras, o Conselho era como um único ser e que se uma parte faltasse, seriam incompletos. Por esse motivo um tinha que cuidar do outro como se fosse a si mesmo e viverem paz. Somente a união nos salvaria das bruxas e da inquisição. Ótimo para Aradya e Annaju, mas para mim continuava na mesma: eu teria que pagar minha liberdade e conquistar a minha transformação, e eu já tinha essa dívida impagável por Mama Maja ter salvado a minha vida quando eu era apenas um bebê. Apesar disso, fui criada como irmã entre Aradya e Annaju. Era estranho mudar tudo isso agora.
-- Vossa Alteza Imperial convida todos os seus hóspedes para juntarem-se à família imperial durante o café a realizar-se na sala de jantar da Casa Riezdra. - O Soldado anunciou, girando e me encarando pela frestinha que deixei. Seus olhos permaneceram intensos sobre os meus, não ousaram descer uma segunda vez. Eu me senti presa naquele olhar magnético e desconcertante. Engoli seco. -- Fui escalado para acompanhá-las em segurança até o salão social, vamos?
-- Oh. - Fiz meio sem palavras. Aquilo era muito importante e as meninas nem tinham acordado ainda. -- Agora?
-- Nesse mesmo instante, senhorita... Desculpe, qual o seu nome?
-- Ah. - Cuspi na palma da mão e estendi. -- Vassily.
O rapaz piscou duas vezes sem entender e tomou a minha mão. Não como ciganos selam amizade, mas como um cavalheiro que ajoelha um de seus joelhos ao chão e beija as costas da mão de uma donzela.
-- Muito prazer, Lady Vassily. - Seus lábios encostaram com suavidade na minha pele. As pontinhas da barba dourada arranhando de leve.
Eu me senti tão estranha! Nem consigo enumerar todas as coisas erradas naquela situação. Fui arrebatada por uma urgência de fugir dali. Nem pensei direito, apenas agi:
-- Não sou uma Lady. - Puxei a mão me soltando daquele toque quente. -- Vou chamar minhas senhoras. - E fechei a porta antes de ver o soldado se levantar.
Abri um dos dossiês de pano azul claro com flores vermelhas bordadas, como as cortinas, de uma das enormes camas onde as duas estavam dormido juntas. Elas queriam que eu dormisse com elas, mas aquele colchão me incomodou. Parecia que eu estava afundando em areia movediça.
-- Aradya! Anna Julia! Rápido. O Imperador chamou todo mundo para o café e eles estão esperando! - Avisei, remexendo nelas.
Demorou um pouco para que as duas entendessem minhas palavras, mas ficaram em pé com um pinote. Por causa da pressa, não tive tempo de preparar um banho, apenas molhei uma toalha e perfumei, para que elas passassem pelo corpo. Os vestidos eram lindos, o de Aradya era vermelho claro, bordado de vermelho escuro e o gloneles azul. O de Annaju era exatamente o mesmo, porém invertido: gloneles vermelho, vestido azul claro com bordados azul escuro. Fiz uma trança lateral em Annaju, que tem os cabelos mais compridos e escuros, ficou pendendo pelo ombro direito. Já em Aradya, fiz duas trancinhas, uma de cada lado e amarrei com um barbante para trás.
Eu me vesti rapidamente depois delas: uma túnica azul com um avental vermelho, feito ambos de panos bem lisos e cores vibrantes. Vesti uma calça por baixo da túnica, amarrei um cordão de couro na cintura e calcei botas, para cobrir o meu tornozelo, pois se tivesse que andar ao lado de fora, tinha medo das cobras.
O soldado estava nos esperando, ele ficou encostado na parede, entediado, mas assim que nos viu acertou sua postura, e me encarou com estranheza, acho que por me ver de saia e calça, coisa que a maioria das pessoas não faz. O soldado já estava ajoelhado e cumprimentando as duas herdeiras de Rynbelech:
-- Lady Aradya, Lady Anna Julia, é um prazer. - Ele deu um beijo na mão de cada uma.
-- O prazer é todo meu, me chame de Annaju. - Annaju deu um sorriso enquanto o soldado beijava sua mão.
Se as duas estavam assim por causa de um soldado, imagina quando estivessem no salão com os nobres?
-- E você? Devo chamá-la de senhorita ou de senhor? - Ele perguntou ficando novamente em pé.
-- Acho que deve calar a boca. - Cruzei os braços.
-- Tenha mais respeito com nossa irmã, soldado. - Aradya se aproximou.
-- Tenha mais respeito com nossa irmã, soldado... - Annaju segurou em meus ombros. -- Soldado? Qual é mesmo o seu nome?
-- Eu não me lembro dele ter dito. - Aradya deu um passo para a frente, intimidando o rapaz.
O soldado olhou para mim, parecia meio nervoso.
-- Meninas. - Dei um tapinha na mão de Annaju. -- Mama Maja disse para se comportarem e que chega de confusão...
-- Depois que ele disser o nome dele, claro. - Annaju insistiu, estreitando os olhos para o soldado.
-- An...Deogenes. - O rapaz respondeu meio sem jeito e colocou a mão no corpo, reverenciando as duas. -- Foi apenas um mal entendido, senhoritas.
-- Andeogenes? Que nome esquisito. - Aradya estranhou e eu fiquei com aquela impressão de que não era bem o nome dele. -- Por acaso conhece o soldado Connor?
-- Ah, assim de passagem. - O soldado desviou os olhos, não muito confortável com a pergunta.
-- Uhhh, está mesmo assim tão interessada? - Annaju logo deboxhou.
-- Pare com isso, Annaju, eu só quero saber se ele chegou bem ao acampamento, ele estava exausto e foi muito gentil nos acompanhando, não é Vassily? - Aradya buscou ajuda comigo.
-- Estou do lado de Annaju nessa. - Dei um sorriso de canto, coloquei as mãos na cintura.
-- Traidora. - Aradya ergueu os lábios superiores, mostrando os dentes, descontente.
-- Por favor, Lady Vassily, aceite minhas sinceras desculpas. - Andeogenes tomou a minha mão mais uma vez. -- Para compensá-la, eu pessoalmente a levarei em um passeio pelo castelo.
-- Eu já disse que não sou uma Lady! - Puxei a mão.
Qual o problema desse soldado e por que ele não entende?! "Andeogenes" deu aquelas piscadas, um tanto surpreso pelo meu tratamento. Aborreceu-me ainda mais. Aradya e Annaju trocaram um olhar pesado entre si, mas Aradya suspirou, abanou a mão dissipando aquela tensão.
-- Acho que você pode chamar de Vassily, é como nós chamamos.
-- Ou de Silly. - Annaju ergueu um ombro. -- Como um apelido carinhoso.
-- Carinhoso? - Ele riu de forma leve e encantadora, meu joelhos quase perderam a firmeza na qual eu erguia o nariz naquele instante. -- De onde eu vim, silly é a palavra que usamos para dizer que alguém é "bobo". - O soldado "Andeogenes' puxou uma tocha do aparador da janela. -- Senhoritas. - Ele apontou uma escada de pedra, um corredor apertado e escuro.
-- Perfeito para Vassily! - Aradya disse, passando por ele e descendo as escadas.
-- Ei! - Reclamei.
-- Foi você que não quis ser chamada de "Lady"! - Annaju debochou. -- Soldado. - Ela o reverenciou como uma dama e desceu.
-- Boba. - O soldado apontou a escada para mim.
Arfei abrindo a boca em "o", mas ele apenas ficou ali parado, com um sorriso sacana na cara. Empinei o nariz e desci os primeiros degraus, mas eu não poderia ir adiante sem a luz da tocha e tive que esperar por ele.
-- E quanto ao meu pedido de desculpas?
-- Que pedido de desculpas, o senhor acabou de me chamar de boba, não foi?
-- De verdade, só fiquei um pouco confuso, parte de sua roupa está fora da calça, parte dentro. - "Andeogenes" explicou.
Parei ali na escada e olhei para mim mesma, notando que quando vesti a calça, puxei uma parte da tunica para dentro, como os homens fazem. E devido a minha aparência, talvez ele tivesse pensado que sou um garoto.
-- Ops. - Puxei a barra da túnica e deixei ela cair como um vestido até o chão.
-- Então aceitará meu pedido de desculpas?
-- De forma alguma, vou é inventar um apelido ao senhor e ficaremos quites. - Sorri debochada e desci os degraus. -- É assim que os ciganos fazem.
-- E que apelido seria esse, se importa que eu pergunte? - "Andeogenes veio atrás de mim, iluminando".
Olhei de cima a baixo como quem o mede, mas assim de uma primeira olhada, não conseguia pensar em nada, apenas que ele tinha músculos rígidos como uma muralha, não era exatamente um defeito, ia parecer que eu estava valorizando e definitivamente não era isso o que eu queria fazer.
-- Vou pensar em alguma coisa. - Continuei descendo.
Encontrei com Aradya e Annaju ao final das escadas, elas não sabiam para que lado ir. "Andeogenes" foi na frente, guiando o caminho. Deu a impressão de estarmos bem atrasadas, pois ele dava passos rápidos que não consegui acompanhar, tive que levantar a saia e quase correr. Atravessamos por alguns corredores, descemos uma grande escadaria entapetada de verde escuro, depois mais corredores, até que começamos a ver pessoas se movimentando pelas alas do castelo.
Os criados do castelo usavam uma túnica verde por cima de uma amarela, e todos se curvavam quando as meninas passavam. Quando chegamos em outra área do castelo mais movimentada, "Andeogenes" soltou a tocha em um aparador vazio. Já era possível ouvir as vozes dos nobres, risadas, o bater de taças.
A porta do salão de espera era guardada por dois soldados armados da Casa Riezdra, os nobres estavam lá dentro com seus vestidos de veludo e suas túnicas de bordados dourado ou prata. Os senhores de companhia ou as damas, ficavam mais afastados.
-- Olhe ali o Connor. - Annaju sussurrou para Aradya, apontando dentro do salão.
Connor estava perto de Adam, o garoto que vimos pulando a janela da princesa na noite anterior. Os dois trajavam um uniforme como o de "Andeogenes" e eles estavam conversando, pareciam bem. Comecei a notar que os criados humanos vestiam-se com as roupas das bandeiras das Casas às que eram servientes. Quanto mais nobre fosse a casa, mais bem vestido estavam. Como ficamos ali paradas na frente, senti apenas um empurrão nas costas.
-- Ai, não acredito! Essas ratas aqui de novo! - Lady Camelia piscou os olhos muitas vezes.
Camelia estava com um vestido todo cor-de-rosa, inclusive o gloneles, com bordados de prata, como seu cinto e os braceletes nos cotovelos. Em seu pescoço uma enorme pedra de rubi e ouro, ostentando dinheiro.
Ao lado dela, Lady Enola e Lady Daphne, com vestidos cor-de-rosa bordado de vermelho e o gloneles de cetim cinza, que dava um efeito lindo prateado. Se elas não fossem completamente diferentes, eu diria que são gêmeas.
-- Dobre sua língua, que não somos ratas. - Aradya retrucou já irritada. Seus olhos dourados pegaram fogo com a ira. -- Somos herdeiras da Casa Rynbelech!
-- Podem estar com roupas novas por foras, mas continuam imundas por dentro. - Camelia colocou as mãos na cintura e ergueu o nariz.
-- Lady Camelia, isso não é necessário. - "Andeogenes" nos defendeu, o que foi um pouco surpreendente, afinal, ele é um soldado e ela, uma herdeira.
-- Ah, me poupe!
-- Você vai defendê-las? - Enola se ofendeu, cruzando os braços. Sua voz soou até como se ela estivesse ressentida com o fato de que ele estava tomando partido.
-- Não ligue para esse lixo, Enola, ele não te merece. - Lady Camelia empinou o nariz.
-- Mas você que disse... - Daphne começou.
-- Shiu! - Camelia bateu duas vezes as mãos. -- Xô, xô! Saiam da frente, ratinhas, deixem-nos passar, que quero ser anunciada!
-- Depois de nós, querida, chegamos primeiro. - Annaju arregaçou as mangas do vestido, pronto para defender sua posição.
-- Somos muito mais importantes que vocês! - Enola protestou.
-- Mas não é só passarmos depois? - Daphne perguntou olhando para a ponta do próprio nariz, vesga e tonta.
-- Só se for do seu ponto de vista! - Aradya cruzou os braços.
-- O meu e o de toda essa realeza! - Camelia colocou a mão no peito, erguendo os ombros.
-- Ah, claro, vamos perguntar e ver o que eles acham! - Annaju desdenhou com um olhar de cima a baixo.
-- Ahhh! Querem que eu pergunte? - Lady Camelia deu um sorriso vitorioso de canto e agarrou nos meus cabelos com violência, me puxou para dentro do salão. -- Então perguntarei!
-- Ai!
-- Vassily! - Annaju chamou.
Aradya tentou vir atrás de mim, mas Camelia foi mais rápida que ela, adentrando o salão como uma verdadeira rainha, os guardas que estavam na porta, até pararam de respirar. O estrondo de seus saltos contra o assoalho quebrou o clima ameno e de fraternidade do salão de espera.
-- Atenção! Atenção todos! - Lady Camelia gritou. Todos os nobres pararam o que estavam fazendo, interromperam seus drinks e as mordidas no canapés, jogando os olhos para a porta. -- Quem vocês pensam que é mais importante? Eu, uma vampira da nobreza e filha adotiva da Princesa Soretrat ou essa... Cigana imunda?! - Lady Camelia me atirou de joelhos com violência.
Rolei pela pequena escadaria e caí sentada no chão, com o pescoço doendo e os braços tremendo, fiquei com os joelhos para frente, as pernas dobradas e a alça do meu aventou vermelho se partiu. Meus cabeços ficaram bagunçados, por cima dos ombros, os fios negros quase encobrindo a visão, mesmo assim pude ver Annaju e Aradya de olhos arregalados, até Enola e Daphne estavam um pouco surpresas, espantadas. Talvez nem elas acreditassem no que Lady Camelia estava fazendo. "Andeogenes", o soldado, passou por elas, empurrando-as para o lado e fez menção de vir na minha direção, mas Enola o segurou no braço.
-- Camelia! O que está havendo? - Uma mulher da nobreza perguntou.
Ao ouvir a manifestação da nobre, "Andeogenes" se interrompeu, ele puxou o braço soltando-se de Lady Enola, mas não desceu as escadas.
A mulher então largou a taça de champanhe com Yves, que estava com um traje bem nobre roxo escuro com bordados prateados e se aproximou. Ela tinha os cabelos bem compridos, ondulados e bem escuros, contra sua pele bem branca e de nariz fino e marcado. Ela usava um vestido gloneles inteiriço, de mangas transparentes e muitas pedras penduradas sobre a cabeça, com uma tiara de ouro. Deu para ver que ela era alguém muito importante e pelas cores de seu vestido, era a Princesa Soretrat.
Eu vi outros nobres no salão dando um passo a frente, tomando a direção das escadas em que fui atirada,
-- Essa cigana abusada, mamãe, que ousa ficar no meu caminho e não me deixar passar! - Lady Camelia explicou sua versão. -- Ela ainda teve a pachorra de dizer que era mais importante do que eu!
-- É verdade? - O rosto da mulher assumiu uma expressão de ira.
-- Sim, é verdade, essa cigana abusada merece levar umas vinte chicotadas por tamanha audácia! - Lady Camelia acrescentou.
Todos os nobres faziam agora uma meia-lua ao redor da cena, me encarando, alguns com expressões muito insatisfeitas. Eu podia sentir o peso de seus olhares, me culpando, sem nem ao menos me darem chance de eu me entregar. Camelia no alto da escadaria parecia uma rainha, ela estava acima de todos, como um palco. Só faltava a coroa dourada digna de uma tirana no alto da cabeça.
Meu coração batia forte, pois com certeza eu seria punida por ficar na frente de uma herdeira. Os fios que cobriam meu rosto se balançavam com a minha respiração aterrorizada.
(Continua)
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