O homem passou aquela noite em uma das várias camas de hóspedes. Certamente, ficaram ecoando em sua mente as palavras que Yeta lhe disse pouco tempo antes de o deixar a sós:
“O meu irmão não quer acreditar… Mas ele é real.”
A próxima Lua cheia seria em dois dias, e continuaria cheia por mais dois. O que fazer?
Confesso que se fosse eu no lugar dele, não teria conseguido dormir. A simples ideia de um monstro como aquele existindo em forma humana naquela mesma vila, aparentemente pacata, me perseguiria até mesmo em sonhos. Sem contar que já perdi o sono por bem menos.
Fato é que o homem decidiu pelo mais sensato: conversar com as pessoas. Para ele, isso foi imprescindível. Infelizmente, para mim, foi esse o marco inicial dos meus problemas.
Quanto mais eu ia a fundo — e como sou perguntador! — mais incoerentes ficavam as estórias, tanto consigo mesmas como umas com as outras. Entretanto, havia algumas pérolas negras naquele mar de bugigangas baratas. Nastátia, filha de Edmont, o caçador, e Romuno, filho de Seutak, o Embaixador, me contaram coisas que cabia apenas a eles o conhecimento. Informações privilegiadas são difíceis de se guardarem por tantos anos, ainda mais com tanto sensacionalismo dos seus vizinhos. Isso mostra um apreço pela verdade, coisa bastante em falta nos dias de hoje.
Acredito que foi Veani de Tébita quem disse: “Nada sobra a quem compra a verdade, porque ela custa tudo o que se tem. Nem nada falta a quem tem a verdade, porque ela vale mais que todo o resto.” Essa frase faz bastante sentido — para mim — quando penso nas palavras que vou escrever para contar essa história.
Os relatos de Ystvan e Yeta, Nastátia e Romuno e de outros dois contribuintes menores que quiseram não ser identificados permitiram que eu pudesse desenhar um cenário coeso do que se passou nos próximos dias em Polireti.
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